domingo, 29 de agosto de 2010

Mundo Canibal

Engraçado como o ser humano desde sua origem sente medo do desconhecido, mas ignora o que conhece e vive a sombra de perigos eminentemente parceiros de suas vidas.
Durante centenas de anos o mundo buscou evolução, pois a vida rústica vivida até a Era Moderna tornava-se inconcebível, o trabalho até então manual, tomava de seus artesãos experiência e conhecimento sobre o que se fazia, conhecimento empírico adquirido pela própria execução da própria atividade.
Cada produto era feito de alguém para alguém e levava a assinatura de seu executor, todas as pessoas que observavam sabiam quem fora seu produtor, que não necessitava de campanhas de marketing, forças de vendas, ou qualquer tipo de outras gerações de necessidades em seus consumidores. O que havia de errado nessa forma de produção? Por que não poderia perdurar? As pessoas não estavam dispostas a produzir por lucro, mas pela satisfação de ter seus produtos “sendo divulgados” nos corpos dos seus consumidores.
O lucro, a riqueza, o dinheiro esse câncer criado pelo homem e que o consome desde então. Revolução Industrial, produção de escala, consumo desenfreado, necessidades ilimitadas desenvolvidas nas mentes dos consumidores, recursos limitados, dilemas, dicotomias, trabalho remunerado ou escravo, perda de identidade, busca de qualificação, vidas desperdiçadas, saúde perdida, tentativa de resolver os problemas causados ao meio produzido pela própria necessidade de se buscar riqueza. Mundo modernamente retrogrado seria o correto.
Atualmente o mesmo produtor de necessidades, lucros e riquezas é o que busca a simplicidade da vida no campo, a fuga da vida alucinada dos grandes centros, a paz, o contato com a natureza e o autoconhecimento. Por que então se iniciou um processo de maneira a no futuro ser necessário retornar aos primórdios de sua criação? As relações humanas foram trocadas por meios eletrônicos de relacionamento, as conversas de olho no olho substituídas, a liberdade de escolha na aquisição, as formas tradicionais de pesquisa, foram substituídas pelos “e-qualquer coisa” da vida que tornou as vidas muito mais “caseiras”, vidas aprisionadas pelas “virtual lifes” aliadas a falta de segurança que o enriquecimento também trouxe as portas de todos.
O que se vive então? Será que as pessoas ainda têm vida? O que restará a seus filhos e os filhos desses? O que o futuro reserva? Até quando será necessário ensinar as próximas gerações a fazer tudo errado como sempre se fez?
Bem vindo ao mundo canibal.