quinta-feira, 21 de julho de 2011

Marqueteiros pela própria natureza

Passeando pela grande São Paulo, a terra das oportunidades e das desumanidades, foi possível observar que às vezes o senso de necessidade se sobrepõe a todo o conhecimento acadêmico que possa ser adquirido.
As experiências se deram em locais diferentes com “atores” diferentes e em situações diferentes, o que pode servir de base que não foram eventos isolados, mas sim luta cotidiana por sobrevida.

Caminhava por uma Avenida de Santo André na hora do almoço e degustava um picolé, que naquele momento servia de alento para as agruras diárias, como troco da compra segurava na mão também uma pequena barra de chocolate.

Após consumir o derradeiro pedaço do saboroso sorvete, passava por uma criança de rua, um garoto de aproximadamente uns 13 anos de idade, pelo menos aparentava isso, que exclamou:

- “Não acredito que você comeu tudo e não deixou nem um pedacinho para mim!”

Apesar de irônica a situação, era perceptível que aquilo era um apelo de marketing, o marketing da sobrevivência, e que daria resultado, pois o garoto ganhou a pequena barra de chocolate.

Passadas algumas horas em um cruzamento do centro de São Paulo, eis que aborda a janela do veículo um senhor negro de barbas longas e grisalhas, faltando-lhe alguns dentes que diz:

- “A gente vem na janela que está aberta. Sinceridade... Senhor é para tomar umas cachaças na maloca mais tarde, mas o dinheiro que o senhor me der também vai servir para eu almoçar amanhã.”

A resposta recebida, com um largo sorriso daqueles que não observam a diferença em estar em um carro com uma pessoa pedindo esmolas, mas daqueles que vêm dois seres humanos iguais:

- Hoje não tenho um centavo.

O senhor que pedia auxilio, também sorrindo responde:

-“O senhor me abriu um sorriso tão grande que ganhou meu coração, vai com Deus.”

Pois bem, nas duas situações pode ser vista claramente os apelos de um marketing não acadêmico, de um marketing de sobrevivência, sobrevivência essa que se faz necessária em uma cidade que não dá tréguas aqueles que têm um pouco menos de recurso, instrução ou posses.

Porém esses se demonstram muito mais habilidosos em conquistar seu publico alvo, e se tivessem oportunidades de aliar o dom da sobrevivência (conhecimento empírico), as teorias ( conhecimento acadêmico) seriam imbatíveis em seus campos de atuação.

Alguém duvida?